segunda-feira, 9 de março de 2015

Voto é soberano! Pelo respeito e paz na política

O panelaço e vaias de ontem à noite (dia 08/03), somados a diversos xingamentos sexistas em pleno dia da mulher e palavras de ordem horripilantes, foram sinais de que a política atingiu o grau de ódio aberto, o que também indica que não haverá arrefecimento e sim acirramento. 

Boa parcela dessas manifestações se deu em ambientes de classe média alta, o que não quer dizer que os mais pobres estejam automaticamente com a Dilma, talvez, retrate que o nível de ódio não chegou a eles, que ainda exista um voto de confiança ou coisa do tipo, mas também não há nada que impeça que a insatisfação se esparrame pelos estratos mais pobres, ainda mais se levando em conta que a economia deve patinar nos próximos dois anos. Aos tucanos mais responsáveis, também vale lembrar que não há lá muitas garantias que serão eles a governarem na terra arrasada. Em ambientes de conflitos declarados, certas forças ganham vida própria. Nada retrata melhor isso do que a prisão de Carlos Lacerda e a frustração de suas expectativas eleitorais após o golpe militar.

Assim, é hora do governo entender que será cada vez mais acuado e deve redefinir suas bandeiras política e de aglutinação, sob pena de termos diversos reveses sociais. Bandeiras como regulação da mídia, constituinte e reforma política não possuem qualquer chance de vingar no formato que as forças de esquerda desejam. O atual Congresso é conservador e ponto final, quaisquer dessas reformas viriam para piorar, sem falar que a sociedade não está sensibilizada para essas questões. Querer então destruir mudas de eucalipto ou chamar nosso "exército" à rua é jogar gasolina no incêndio... Já as bandeiras em defesa da Petrobrás são legítimas e necessárias, mas pelo nível de ataques, vão dizer que são petistas defendendo corruptos (tratarei de uma bandeira melhor sobre a Petrobrás em outro post). 

Duas bandeiras com forças mais aglutinantes e com poder de pressão seriam taxação de grandes fortunas e/ou mais impostos para os ricos e fim do financiamento privado de campanha, mas já as considero insuficientes para o novo cenário político de acirramento. 

Assim sendo, o governo deveria adotar o lema “Voto é soberano! Pelo Respeito e Paz na política” (ou algo próximo disso). Aliás, esta não seria uma bandeira do governo e sim de todas as forças democráticas e republicanas. Existem pessoas que não gostam do governo Dilma, não gostam do PT, ou são do PSOL, mas também estão bastante preocupadas com o nível de ódio e intolerância para o qual caminhamos. Uma bandeira desse tipo coloca claramente quem defende a democracia e o respeito às escolhas de cada um. 

Não cabe aos derrotados de uma eleição ocorrida a menos de 6 meses pautarem o país e querem derrubar uma presidenta eleita. Não cabe também que cada um queira ser o intérprete do voto dos outros, definindo que os outros foram enganados, que estão arrependidos, que hoje prefeririam o Aécio ou coisa do tipo. O que vale é o resultado das urnas!!

Ademais, bandeiras políticas são estratégicas e podem redefinir rumos políticos. Na Revolução Russa o lema vitorioso foi Pão, Paz e Terra. Na Revolução Sandinista o que mobilizou o país não foram brados ao socialismo e sim à Paz. A redemocratização brasileira também não se deu por brados esquerdistas e sim pelo apego à democracia, à constituinte e ampliação de direitos. Todos querem respeito e paz, cabendo a nós colocarmos quem está em condição de defender essa bandeira, que não é defender Dilma e o PT, mas sim o resultado soberano das urnas. 

Por último, tal bandeira tem o mérito de colocar a oposição na defensiva, de mostrar quem é intolerante e não respeita as regras do jogo democrático. De mostrar que Impeachment tem caráter golpista, pois não há denúncia contra a presidenta. Sem falar que quem a julgaria seriam congressistas enrolados em casos de corrupção. Por isso, só o voto é soberano! Temos que fazer os outros entenderem que a Lei e a democracia estão do nosso lado, ou melhor, talvez, o governo e seus eleitores acuados precisam captar essa premissa básica. E quem quiser outro governo que faça uma melhor campanha em 2018.

Além disso, esse ambiente de acirramento colocam todos em pé de guerra, com sentimentos recíprocos de raiva e incompreensão. Sinalizar com bandeiras que pedem respeito e paz aglutinam indecisos e baixará a bola dos menos belicosos do lado de lá, deixando apenas os bolsonarianos e mais fanáticos a bradar pelas ruas (que infelizmente também já não serão poucos).

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